Os fetos em uma gravidez gemelar com placenta única não são indivíduos independentes. Eles competem pelo espaço físico e suprimento nutricional. O desequilíbrio resultante dessa competição pelos nutrientes acarreta a Síndrome de Transfusão Feto-Fetal (STT). Segundo a literatura médica, os dados revelam que 10% a 30% das gestações gemelares monocoriônicas desenvolvem a STT (Peralta CF, 2017). No Brasil, pelos números no Ministério da Saúde de 2010 (nascidos vivos), temos uma prevalência de 1.907 casos por ano. Esses representam 20% a 30% das internações na UTI neonatal.
O diagnóstico pré-natal de STT é feito por meio de achados característicos específicos no exame de ultrassonografia em gêmeos de placenta única (monocoriônica), por exemplo, a presença de polidrâmnia/oligodramnia. Quando não tratada de forma adequada, essa condição clínica é letal em pelo menos um feto em 80% dos casos, apresentando um risco de 25% de complicações neurológicas nos sobreviventes – dados da Society for Maternal-Fetal Medicine.
A boa notícia é que há tratamento eficaz, principalmente se realizado no momento certo. A Comissão de Medicina Fetal da Febrasgo recomenda o procedimento de ablação de vasos placentários com laserterapia, o que apresenta pequeno percentual de comprometimento neurológico de neonatos a longo prazo quando comparado a outros tratamentos.